segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Uma grande estrela

Gloria Swanson
22 de março de 1899 / 04 de abril de 1983

Era baixa (1,51m), fazia dieta macrobiótica e foi uma das maiores atrizes do cinema mudo americano, uma espécie de Marilyn Monroe de sua época.
Foto de Gloria para a Revista Variety em 1929.

Começou em 1915 ganhando $3,25 dólares por dia (com apenas 16 anos), fazendo comédias leves, e pelas mãos de Cecil B. DeMille se transformou em uma atriz elegante e charmosa.
Fez por volta de 70 filmes (64 entre 1915 e 1934, época em que ganhou cerca de 8 milhões de dólares).

Teve uma série de maridos e um célebre romance com Joseph P. Kennedy (pai de John Kennedy), que chegou a lhe financiar um filme: Queen Kelly, dirigido por Eric Von Stroheim, que talvez por coincidência (ou não) faz o papel de mordomo, ex-diretor e ex-marido de Norma Desmond em ‘Crepúsculo dos Deuses’. Trechos deste filme, que permaneceu inacabado aparecem durante o filme.

Concorreu ao prêmio de Melhor Atriz na Primeira Premiação da Acadêmia em 1929 por seu papel em ‘Sadie Thompson’. E sua carreira prosseguiu cheia de sucesso, mesmo com a chegada do cinema falado, até decidir dar um tempo ao cinema em 1934.

E seu grande retorno só aconteceu mesmo em 1950, com ‘Crepúsculo dos Deuses’ (salário: $ 50.000), após uma tentativa frustrada em 1941 (Father Takes a Wife).
Mas não foi uma grande volta aos cinemas (fez mais 4 filmes apenas), foi uma volta que lhe rendeu mais frutos na televisão, aparecendo em diversas séries e programas.
Leia uma entrevista feita em 1957
aqui.

Para quem contracenou com um leão em um clássico de Cecil B. DeMille (Male and Female,1919), não foi nada enfrentar abelhas vivas em seu penúltimo filme (Killer Bees,1974), um clássico do cinema trash que passou diversas vezes na madrugada da televisão brasileira (acho que no SBT).
Em sua última produção (Aeroporto 1975,1974), além de fazer o papel de si mesma, Gloria Swanson escreveu suas próprias falas, todas fantásticas e espirituosas, como este diálogo aqui:

“Winnie: - Oh, it's so beautiful!
Swanson: - Every morning is beautiful, you're just too young to know! “

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Sunset Boulevard 03

Para a série 'Sunset Boulevard':Imagens da noite da cerimônia do Oscar de 1951.
Gloria Swanson concorria o prêmio de Melhor Atriz com: Bette Davis (por 'A Malvada'), Anne Baxter (por 'A Malvada' também) e Juddy Holliday (por 'Nascida Ontem').



Gloria ouve os indicados...
e descobre que quem ganhou foi Juddy Holliday:
Ainda sobre o Oscar 1951:Edith Head ganhou o Oscar para Melhor figurino em P&B pelo filme 'A Malvada (All About Eve)'. Walter Plunket concorria com o figurino para 'Nobre Rebelde (The Magnificent Yankee)''Crepúsculo dos Deuses' foi vencedor apenas nas categorias de: Melhor Direção de Arte em P&B, Melhor Música e Melhor Roteiro.

No Globo de Ouro o filme foi mais feliz, conquistando os prêmio de: Melhor Filme, Melhor Atriz, Melhor Diretor e Melhor Trilha.

Sunset Boulevard 02

Começa assim umas das minhas sequências preferidas:


O branco das luzes de iluminação.e depois o discurso:
"You see, this is my life.
It always will be!
There's nothing else - just us - and the cameras
and those wonderful people out there in the dark.
All right, Mr. De Mille,
I'm ready for my close-up."


E termina com este 'fade'...
Norma pede seu 'close-up' mas o que vemos é um grande borrão.
Uma grande metáfora de uma diva esquecida.

Sunset Boulevard

Crepúsculo dos Deuses
(Sunset Boulevard - 1950)
Dir: Billy Wilder
Com
Gloria Swanson e William Holden

Figurinista: Edith Head
O visual de Gloria Swanson é impecável, cheio de referências de ‘outra época’, aparência antiquada, chique, mas com um ‘q’ decadente ou exótico, como por exemplo o ‘anel piteira’.Ótima caracterização de uma estrela esquecida mas rica e cheia de personalidade e insegurança.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Walter Plunkett

Walter Plunkett nasceu em 5 de junho de 1902, em Oakland, no estado da Califórnia, Estados Unidos. Enquanto estudava na Universidade da Califórnia em Berkeley, se envolveu com o grupo de teatro do Campus, o que provocou sua mudança de carreira. Em 1923 mudou-se para Nova Iorque, onde trabalhou como ator, cenógrafo e figurinista para o teatro de Vaudeville e para a Broadway. Partiu para Hollywood atrás de trabalho, sendo que seu primeiro trabalho creditado como figurinista foi ‘Hard-Boiled Haggerty’ em 1927.
Entre o final da dec. 20 e o começo da dec. 30 Plunkett era o figurinista da RKO, levando eficiência e criatividade para o set de filmagem, criando figurinos que competiam com outros grandes figurinistas da época, como Adrian e Travis Banton. Trabalhou com as grandes atrizes da época (Lilyan Tashman, Evelyn Brent, Dolores Del Rio, Irene Dunne, Ginger Rogers, Lupe Velez e Bette Davis)
Constance Cummings (acima) e Mae West (abaixo) em Noite Após Noite (Night After Night - 1932)

Ginger Rogers em Voando Para o Rio (Flying Down to Rio - 1933)

Croquí (acima) para o figurino de Katherine Hepburn (abaixo) em O Que Faz O Amor (Christopher Strong - 1933)

O elenco feminino em As Quatro Irmãs ou Quatro Destinos (Little Women - 1933)
Fred Astaire e Ginger Rogers (acima) em A Alegre Divorciada (The Gay Divorce - 1934), e croqui para figurino de Ginger Rogers para o mesmo filme.
Bette Davis em Escravos do Desejo (Human Bondage - 1934)

Em 1935 se demitiu porque achava difícil expressar sua arte neste meio, porque acreditava que todos envolvidos nas filmagens (o produtor, o diretor, a estrela e o fotografo) tinham noções próprias e diferentes sobre como o figurino deveria ser, e era difícil para ele superar estas objeções (validas ou não) e se sentia culpado por no fim o figurino não estar do jeito que achava melhor para o filme.
Mudou-se para Nova Iorque e trabalhou com estilista para uma loja na Seventh Avenue. Suas peças agradavam as clientes e suas criações não sofriam nenhuma interferência ou questionamento.

Achava que era o trabalho de sua vida, até que Katherine Hepburn o fez mudar de idéia. Ela que já havia trabalhando com Plunkett em ‘As Quatro Irmãs (Little Women)’, insistiu aos estúdios que queria ele devolta como figurinista para o seu filme ‘
Maria Stuart, Rainha da Escócia (Mary of Scotland - 1936)’. E assim ele voltou aos filmes, com um bom salário e acompanhando Katherine Hepburn por mais alguns filmes.
Se tornou uma autoridade em figurino de época, e após estes trabalhos os diretores e atores ouviam suas idéias de uma forma diferente. Para seu trabalho mais famoso, o figurino de ‘E o Vento Levou... (Gone With the Wind - 1939)’, Plunkett viajou por um ano pelo Sul dos Estados Unidos colhendo informações. Mas ele não foi a primeira opção, inicialmente ele foi contratado para fazer os figurinos de fundo, mas conseguiu conquistar a confiança do estúdio e da escritora Margaret Mitchell após mostrar os seus croquís, propondo um figurino com um toque Art Deco.




Croquis para o filme 'E O Vento Levou...' (Gone With The Wind - 1939)
Enquanto o ‘E O Vento Levou...’ ainda estava em produção, fez o figurino para diversos filmes como ‘As Aventuras de Tom Sawyer' (The Adventures of Tom Sawyer - 1938) e 'No Tempo das Diligências' (Stagecoach - 1939).
No auge da carreira tentou fazer três ou quatro produções simultaneamente mas descobriu que era humana mente impossível.
Jennifer Jones em A Sedutora Madame Bovary (Madame Bovary - 1949) e croqui para vestido
Merece destaque também o figurino para os atores de ‘Você Já Foi a Bahia?(The Three Caballeros - 1945) de Walt Disney.

Aurora Miranda em Você Já Foi a Bahia? (The Three Caballeros - 1945)
Ganhou o Oscar em 1951 pelo figurino de ‘Sinfonia de Paris’ (An American in Paris).

O seu segundo trabalho mais famoso é o figurino de ‘Cantando na Chuva(Singin' in The Rain - 1952). Donald O'Connor, Debbie Reynolds e Gene Kelly em Cantando na Chuva (Singin' in The Rain - 1952)
Seu último filme foi ‘Sete Mulheres' (7 Women) com Anne Bancroft em 1966.
Walter Plunkett morreu em 1982, em Santa Monica, já aposentado dos cinemas e vivendo com seu parceiro Lee.

***
Muitos trabalhos atuais trazem influências de Plunkett, que concebia seus figurinos de época sem se preocupar em ser fiel aos livros de história.

Alice Adams

A Mulher Que Soube Amar
(Alice Adams - 1935)

Dir: George Stevens
Com Katherine Hepburn e Fred MacMurray Figurinista: Walter Plunkett



O trabalho de Walter Plunkett é impecável neste filme.

Dois figurinos merecem destaque:

O vestido branco de festa que Alice (Katherine Hepburn) reaproveita de diversas ocasiões, mudando uma coisa aqui e outra lá. No início vemos um grande laço estreito de cetim escuro, e depois o vestido volta com um aplique de flores próximo ao busto.
O desenho deste vestido é antiquado, com babados
e rendas.



O vestido de linhas modernas que Mildred 'Georgette' Palmer (Evelyn Venable) utiliza em sua festa.
Em contraste com o vestido de Alice, este é clean, com linhas retas, com alça única e um grande volume sobre os ombros.
Com este vestido fica claro o contraste social entre Alice e Mildred.